Sobre o Enigma do Diamante Português
DOI:
https://doi.org/10.53930/27892182.dialogos.5.57Palavras-chave:
Diamante Português, Rei José I de Portugal, Gemas Brasileiras, Diamante Bragança, Véu do Segredo, Propriedade Americana, Convolução SemióticaResumo
O Diamante Português é o maior diamante facetado da Coleção Nacional de Gemas do Museu Nacional de História Natural, Washington DC; com um corte de esmeralda de 127,01 quilates é quase uma gema octogonal perfeita. Seu nome foi atribuído pelo último proprietário privado, Harry Winston, com base no facto de ter pertencido às joias da coroa portuguesa. No entanto, segue-se o mistério de que vários autores dizem, com maior ênfase hoje em dia, que o nome de “O Diamante Português” veio de uma lenda equivocada. O primeiro objectivo deste artigo é mostrar que há fortes evidências icónicas de que o diamante pertenceu ao rei José I de Portugal no século XVIII e, presumivelmente, com menor grau de certeza, a outros soberanos seguintes da dinastia de Bragança. Ainda, metas subsidiárias são a desambiguação com algumas outras pedras preciosas brasileiras mencionadas em notícias ou outras fontes. Procurar-se-á também estabelecer uma origem plausível documentada do Diamante Português, fornecendo algumas pistas possíveis sobre o destino e o esquecimento do diamante por cerca de um século, até ao seu ressurgimento nos EUA. Por fim, é esboçado um quadro de sua convolução semiótica como objeto de desejo e índice de poder, da realeza portuguesa ao véu do segredo e, depois, à democracia capitalista americana.
Downloads
Referências
Andrada e Silva, J. B. (1797). An Account of the Diamonds of Brazil. Journal of Natural Philosophy, Chemistry, and the Arts (Ed. G.G and J. Robinson), v. 1, pp. 24-26.
Azevedo, A. (1954). O Auto de Aclamação d'El-Rei Dom José I. Revista de História, v. 9, n. 19, pp. 221-247. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.v9i19p221-247
Balfour, I. (2000). Famous Diamonds (4th Edition). Christie, Manson and Woods, Ltd. London, England.
Barbot, C. (1858). Traité Complet de Pierres Précieuses. Paris: Lacroix et Baudry.
Batchelor, S. (1840). The Cabinet of Gems or the Vocabulary of Precious Stones. Knaresborough: W. Langdale.
Bensaúde, A. (1893). O diamante. Revista de Sciencias Naturaes e Sociaes, v. 2, n. 8, pp. 159-184.
Berardo, J. O. (1840). Revista Histórica de Portugal - Desde a Morte de D. João VI até ao Falecimento do Imperador D. Pedro. Coimbra: Imprensa de Trovão.
Bomare, J. C. V. (1791). Dictionaire Raisonné Universel d' Histoire Naturelle (4th Ed.), Tome Sixième, Lyon: Bruyset Frères.
Boxer, C. R. (1964). The Golden Age of Brazil: 1695 - 1750. Berkeley, Los Angeles, London: University of California Press.
Boxer, C. R. (1969). The Portuguese Seaborne Empire: 1415-1825. London: Hutchinson & Co Publishers Ltd.
Bruton, E. (1986). Legendary Gems or Gems that Made History. Radnor, Pennsylvania: Chilton Book Company.
Buist, M. G. (1974). At Spes non Fracta: Hope & Co. 1770-1815. The Hague: Springer, Martinus Nijhoff. https://doi.org/10.1007/978-94-011-8858-6
Burton, R. F. (1869). The Highlands of Brazil (vol. II). London: Tintley Brothers.
Carvalho, R. G. (2006). The Bragança "Diamond" Discovered? Gems & Gemology, v. 42, n. 3, pp. 132-133.
Casquilho, J. (2005). Os diamantes do Venturoso. História, v. XXVI, n. 75, pp. 44-47.
Cattelle, W. R. (1911). The Diamond. London, New York: John Lane Company.
Copeland, L., Martin, J. G. M., Gaal, R. A. P., & Taylor, J. (1974). Diamonds. Famous, Notable and Unique. Los Angeles: Gemological Institute of America.
Crider, H. D. (1924). The Story of the Diamond. American Midland Naturalist, v. 9, n. 4 pp. 176-191. https://doi.org/10.2307/2992728
Danesi, M. (2018). Of Cigarettes, High Heels and Other Interesting Things - An Introduction to Semiotics (3rd Ed.). New York: Palgrave Macmillan. https://doi.org/10.1057/978-1-349-95348-6
Deza, M. M., & Deza, E. (2013). Encyclopedia of Distances (2nd Ed.). Heidelberg, New York: Springer, London: Dordrecht. https://doi.org/10.1007/978-3-642-30958-8
Dodgson, N. A. (2004). Variation and extrema of human interpupillary distance. in A. J. Woods, J. O. Merritt, S. A. Benton, & M. T. Bolas (Eds.), Proc. SPIE Vol. 5291, Stereoscopic Displays and Virtual Reality Systems XI, 19-22 January 2004, San Jose, California, USA, pp. 36-46.
Eaton-Magaña, S., Post, J. E., Heaney, P. J., Walters, R. A., Breeding, C. M., & Butler, J. E. (2007). Fluorescence Spectra of Colored Diamonds Using a Rapid, Mobile Spectrometer. Gems & Gemology, v. 43, n. 4, pp. 332-351. https://doi.org/10.5741/GEMS.43.4.332
Farrington, O. C. (1929). Famous Diamonds. Geology-Leaflet #10. Chicago: Field Museum of Natural History.
Feather II, R. C. (2014). Beyond Hope: Some Other Notable Diamonds at the Smithsonian Institution - Part 1, Rocks & Minerals, v. 89, n. 1, pp. 27-29. https://doi.org/10.1080/00357529.2014.842832
Fryer, C. W., & Koivula, J. I. (1986). An Examination of Four Important Gems. Gems & Gemology, v. 22, n. 2, pp. 99-102. https://doi.org/10.5741/GEMS.22.2.99
Gerber, B. L. (1995). Harry Winston. In K. T. Jackson, K. E. Markoe, &
A. Markoe (Eds.). Dictionary of American Biography - Supplement 10: 1976-1980 (Jackson, K. T, Markoe, K. E. and Markoe, A. Eds). Charles Scribner's Sons: New York.
Gonçalves, S. C. N. (2013). A Arte do Retrato em Portugal no Tempo do Barroco (1683-1750) - Conceitos, Tipologias e Protagonistas. Tese de doutoramento em História. Universidade de Lisboa.
Goudar, A. (1756). Rélation Historique du Tremblement de Terre Survenu à Lisbonne. La Haye: Philanthrope.
Hamlin, A. C. (1891). Leisure Hours among the Gems. Boston and New York: Houghton, Mifflin and Company; Cambridge: The Riverside Press.
Jameson, R. (1816). A System of Mineralogy (2nd Ed.) vol.1. Edinburgh: Neil & Company.
Jannettaz, P. M., Vanderheym, É., Fontenay, E., & Coutance, A. (1881). Diamants et Pierres Précieuses. Paris: J. Rothschild, Éd.
Jeffries, D. (1751). A Treatise on Diamonds and Pearls (2nd Ed.). London: C. and J. Ackers.
Josephy, H., & Macbride, M. M. (1931). New York is Everybody's Town. New York, London: G. P. Putnam's Sons.
Jones, W (1880). History and Mystery of Precious Stones. London: Richard Bentley and Son.
Junot, L. (1833). Memoirs of the Duchess D'Abrantès (vol. VI). London: Richard Bentley.
Junot, L. (1837). Mémoires de Madame la Duchesse D'Abrantès (vol. 2, 4th Ed.). Bruxelles: Hauman, Cattoir et Compe.
Latouche, J. (1875). Travels in Portugal (2nd Ed). London: Ward, Lock and Tyler, Warwick House.
Lima, J. I. de A. (1843). Compendio da História do Brasil com Retratos. Rio de Janeiro: Eduardo e Henrique Laemmert.
L'Isle, J. B. L. R. (1783). Cristallographie ou Description des formes propres à tout les corps du Regne Minéral Tome II (2nd Ed.). Paris: L'Imprimerie de Monsieur.
Manutchehr-Danai, M. (2009). Dictionary of Gems and Gemology (3rd Edition). Berlin, Heidelberg: Springer. https://doi.org/10.1007/978-3-540-72816-0
Maxwell, E. (1957). How to Do It, or, The Lively Art of Entertaining. Boston: Little, Brown and Company.
Mawe, J. (1812). Travels in the Interior of Brazil. London: Longman, Hurst, Rees, Orme and Brown, Paternoster-Row.
Mawe, J. (1823). A Treatise on Diamonds and Precious Stones (New Edition). London: Longman, Hurst, Rees, Orme and Brown, Paternoster-Row.
Murray, J. (1831). A Memoir on the Diamond. London: Longman, Rees, Orme, Brown & Green.
Murray, J. (1839). A Memoir on the Diamond. Including its Economic and Political History (2nd Ed.). London: Relfe & Fletcher, Cornhill.
Pereira, E., & Rodrigues, G. (1912). Portugal - Diccionario Historico, Chorographico, Biographico, Bibliographico, Numismatico e Artistico (vol. VI). Lisboa: João Romano Torres e C.ª - Editores.
Phillips, A. (1887). The Application of Gems to the Art of the Goldsmith. Journal of the Society of Arts, Vol. XXXV, pp. 438-455.
Pires, A. O. dos S. (1903). Mineração - Riquezas Minerais (Memória). Bello Horizonte: Imprensa Official do Estado de Minas Geraes.
Pole, W. (1861). Diamonds. London: Reprinted from The Transactions of the London and Middlesex Archaeological Society, Vol. I.
Post, J. I. (1997). The National Gem Collection. New York: Harry N. Abrams, Inc.
Proddow, P., & Fasel, M. (1996). Diamonds: a Century of Spectacular Jewels. New York: Harry N. Abrams Publishers.
Rabello, D. (1997). Os Diamantes do Brasil na Regência de D. João, 1792- 1816: um Estudo de Dependência Externa. São Paulo: Editora Arte & Ciência.
Raggi, G., & Degortes, M. (2018). A Pintura de Giuseppe Trono na Capela do Paço da Bemposta - Academia Militar. Lisboa: Edições Colibri.
Rebello, D. J. A. (1829). Corographia (ou Abreviada Historia Geographica do Imperio do Brasil). Bahia: Typographia Imperial e Nacional.
Rosas Júnior, J. (1954). Catálogo das Jóias e Pratas da Coroa. Lisboa: Palácio Nacional da Ajuda.
Roset, H. (1856). Jewelry and the Precious Stones. Philadelphia: John Penington & Son.
Saint-Pardoux, B de. (1836). Campanhas de Portugal em 1833 e 1834. Lisboa: Tipographia de J. P. F. Telles.
Shipley, R. M., Wigglesworth, E., & Beckley, A. M. (1948). Dictionary of Gems and Gemology - Including Ornamental, Decorative and Curious Stones. Los Angeles: Gemological Institute of America.
Silva, J. M. P. da. (1877). História da Fundação do Império Brasileiro - Tomo II. 2a Ed. Rio de Janeiro: B. L. Garnier.
Smith, G. (2003). The allure, magic and mystery-A brief history of diamonds. The Journal of The South African Institute of Mining and Metallurgy, v. 193, n. 9, pp. 529-534.
Soriano, S. J. da L. (1867). História da Guerra Civil e do Estabelecimento do Governo Parlamentar em Portugal (Tomo II). Lisboa: Imprensa Nacional.
Soriano, S. J. da L. (1885). História da Guerra Civil e do Estabelecimento do Governo Parlamentar em Portugal (Tomo V). Lisboa: Imprensa Nacional.
Soriano, S. J. da L. (1887). História da Guerra Civil e do Estabelecimento do Governo Parlamentar em Portugal (Tomo VI). Lisboa: Imprensa Nacional.
Streeter, E. W. (1882). The Great Diamonds of the World - Their History and Romance. In J. Hatton, & A. H. Kane (Eds.). London: George Bell & Sons. Svisero, D. P., Shigley, J. E., Weldon, R. (2017). Brazilian Diamonds: A Historical and Recent Perspective. Gems & Gemology, v. 53, n.1, pp. 2-33. https://doi.org/10.5741/GEMS.53.1.2
Taylor, F. A. (1964). The United States National Museum - Annual Report for the Year Ended June 30, 1964. Washington, D.C.: Smithsonian Institution.
Thom, R. (1994). Reflections on Hansjakob Seiler's continuum, In C. Fuchs, & B. Victorri (Eds.), Continuity in Linguistic Semantics. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamin Publishing Company, pp. 155-166. https://doi.org/10.1075/lis.19.13tho
Valladares, G., & Valladares, A. (1868). Almanach Familiar para Portugal e Brazil, 1º Anno. Braga: Typographia de Antonio Bernardino da Silva.
Vandelli, D. (1899). Memoria sobre os Diamantes do Brazil. Annaes da Bibliotheca Nacional do Rio de Janeiro, v. XX, pp. 279-282.
Veiga, J. P. X. da. (1897). Revista do Archivo Publico Mineiro, Anno II. Ouro Preto: Imprensa Official de Minas Gerais.
Vergollino, A. P. (1780). Auto de Levantamento e Juramento de D. Maria I e D. Pedro III. Lisboa: Regia Officina Typografica.
Vidal, E. (1877). História de Portugal (5º vol.). Lisboa: Officina Typographica de J. A. de Mattos.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2020 José Pinto Casquilho
Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição 4.0.
Os autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação com o trabalho simultaneamente licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional que permite que outros compartilhem o trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
- Os autores podem entrar em acordos contratuais adicionais separados para a distribuição não exclusiva da versão publicada do trabalho da revista (por exemplo, postá-lo em um repositório institucional ou publicá-lo em um livro), com um reconhecimento de sua publicação inicial em este jornal.
- Autores são autorizados e incentivados a postar seus trabalhos online (por exemplo, em repositórios institucionais ou em seu site) antes e durante o processo de submissão, pois isso pode levar a trocas produtivas, bem como citações mais precoces e maiores de trabalhos publicados.