A Insídia das Formas – Ensaio Semiótico Relativo a “Rio Timor” no Atlas Vallard e “Brasilia Inferior” no Globo de Schöner

Autores

DOI:

https://doi.org/10.53930/27892182.dialogos.2.106

Palavras-chave:

Mapas de Dieppe, Rio Timor, Globos de Schöner, Brasilia Inferior, João Afonso, Francisco Serrão, Política de Sigilo, Abdução

Resumo

Neste ensaio, partindo-se da menção “Rio timor” no Atlas Vallard datado de 1547, procura-se reconstituir a origem primeva da informação, sustentando-se a hipótese de que os portugueses foram os primeiros europeus a fazer o reconhecimento da linha de costa do que hoje designamos como Austrália. Nessa demanda, conclui-se que existem relatos de cronistas e outros, que permitem situar Francisco Serrão como uma fonte de informação na região das Molucas – mencionando, em cartas, um “um novo mundo” com vasta extensão - que teria sido encaminhada para Portugal, aí chegando cerca de 1515, incluindo padrão. Infere-se que terá sido essa uma origem provável da representação cartográfica de Brasilie Regio no globo de Schöner datado de 1515, depois atualizado como Brasilia Inferior no globo de 1520, numa configuração cuja semelhança com a linha de costa da parte ocidental australiana é indelével, associando-se com uma anomalia presente na América do Sul no mapa de Brouscon de 1543. Ainda se discute o contexto narrativo e ideológico da época que terá sido suporte de significação dos mapas de Dieppe, com ênfase nos relatos de João Afonso e nas agendas políticas, destacando a política de sigilo que então vigorava na coroa portuguesa com incidência particular na região das Molucas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia Autor

José Pinto Casquilho, Universidade Nacional Timor Lorosa'e (Timor-Leste)

Doutorado em Engenharia Florestal/Matemática Aplicada pelo Instituto Superior de Agronomia (Lisboa, Portugal). Professor no Programa de Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade Nacional Timor Lorosa'e.

Referências

Afonso, João (Jean Fonteneau ou Alphonse de Saintonge ou Ian Alfonce). (1544; 1904). La Cosmographie - Avec l'Espère et Regime de Soleil et du Nord (publicada e anotada por Georges Musset). Paris: Leroux Éditeur.

Afonso, J. (1559). Les voyages aventureux du capitaine Ian Alfonce Sainctongeois (Éd: Ian de Marnef). Poitiers: Pelican.

Alvarez, W., & Leitão, H. (2010). The negleted early history of geology: The Copernican Revolution as a major advance in understanding the Earth. Geology, v.38, n. 3, pp. 231-234. https://doi.org/10.1130/G30602.1

Argensola, B. L. (1609). Conquista de las Islas Malucas. Madrid: Alonso Martin.

Barbosa, D. (1516, 1966). Livro em que dá relação do que viu e ouviu no Oriente (Introdução e notas de Augusto Reis Machado). Lisboa: Agência Geral das Colónias.

Barros, J. (1552; 1778). Da Ásia - Decada Primeira, Parte Primeira (Nova Edição). Lisboa: Regia Officina Typographica.

Barros, J. (1553, 1777a). Da Ásia - Decada Segunda, Parte Segunda. Lisboa: Regia Officina Typographica.

Barros, J. (1563, 1777b). Da Ásia - Decada Terceira, Parte Primeira. Lisboa: Regia Officina Typographica.

Barros, J. (1615; 1777c). Da Ásia - Decada Quarta, Parte Primeira (Nova Edição). Lisboa: Regia Officina Typographica.

Camões, L. (1572). Os Lusiadas. Lisboa: António Gonçalves Impressor.

Casquilho, J. P. (2013). Veridicção, verosimilhança e informação. Revista Veritas, n. 1, pp: 81-102.

Casquilho, J. P. (2014). Memórias do sândalo: Malaca, o atrator Timor e o canal de Solor. Revista Veritas, n. 4, pp: 85-106.

Casquilho, J. P. (2016). Signos portugueses no arquipélago de Solor e um relance sobre o enigma da(s) ilha(s) do ouro in XXVI Encontro da Associação das Universidades Portuguesas, Díli, Timor-Leste, Rotas de Signos: Mobilidade Académica e Globalização no Espaço da CPLP e Macau, pp: 121-138.

Castanheda, F. L. (1552). História do Descobrimento e Conquista da Índia pelos Portugueses - Livro Terceiro. Coimbra: João de Barreira.

Castanheda, F. L. (1553). História do Descobrimento e Conquista da Índia pelos Portugueses - Livros Quarto e Quinto. Coimbra: João de Barreira.

Castanheda, F. L. (1554). História do Descobrimento e Conquista da Índia pelos Portugueses - Livro Sexto. Coimbra: João de Barreira.

Collingridge, G. (1895). The Discovery of Australia. Sydney: Hayes Brothers.

Correia, G. (c. 1556, 1861). Lendas da Índia - Livro segundo (lenda de 17 annos acabados no anno de 1526) Parte II. Lisboa: Typographia da Academia Real das Sciencias.

Cortesão, A. (1944). The Suma Oriental of Tome Pires and the Book of Francisco Rodrigues (vol. II). London: Hakluyt Society.

Cortesão, J. (1940). Teoria Geral dos Descobrimentos Portugueses. Lisboa: Seara Nova.

Cotter, C. H. (1977). The development of the mariner's chart. International Hydrographic Review, v. 54, n. 1, pp: 119-130.

Couto, D. (1602; 1778a). Da Asia - Decada Quarta, Parte Primeira. Lisboa: Regia Officina Typografica.

Couto, D. (1602; 1778b). Da Asia - Decada Quarta, Parte Segunda. Lisboa: Regia Officina Typografica.

Couto, D. (1616; 1783). Da Asia - Decada Setima, Parte Segunda. Lisboa: Regia Officina Typografica.

Crowley, R. (2016). Conquistadores- Como Portugal Criou o Primeiro Império Global. Lisboa: Editorial Presença.

Dalrymple, A. (1786). Memoir Concerning Chagos and Adjacent Islands. London: George Digg.

Durand, F. (2006). Timor: 1250-2005, 750 Ans de Cartographie et de Voyages. Toulouse, Bangkok: Éditions Arkuiris.

Frade, F. V. (1999). A Presença Portuguesa nas Ilhas de Maluco 1511- 1605. Dissertação de Mestrado em História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa. Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Galvão, A. (1563). Tratado dos Descobrimentos (até 1550). Lisboa: Joam da Barreira.

Hägerdal, H. (2012). Lords of the Land, Lords of the Sea - Conflict and Adaptation in Early Colonial Timor, 1600-1800. Leiden: KITLV Press. https://doi.org/10.1163/9789004253506_009 https://doi.org/10.1163/9789004253506_010 https://doi.org/10.1163/9789004253506_008 https://doi.org/10.1163/9789004253506_013 https://doi.org/10.1163/9789004253506_011 https://doi.org/10.1163/9789004253506 https://doi.org/10.1163/9789004253506_006 https://doi.org/10.1163/9789004253506_015 https://doi.org/10.1163/9789004253506_016 https://doi.org/10.1163/9789004253506_014 https://doi.org/10.1163/9789004253506_005 https://doi.org/10.1163/9789004253506_001 https://doi.org/10.26530/OAPEN_408241 https://doi.org/10.1163/9789004253506_002 https://doi.org/10.1163/9789004253506_004 https://doi.org/10.1163/9789004253506_012

Harrisse, H. (1892). The Discovery of North America. London: H. Stevens, Paris: H. Welter.

King, R. J. (2013a) Havre de Sylla on Java La Grande. Terrae Incognitae - The Journal of the Society for the History of Discoveries, v. 45, n.1, pp: 30-61. https://doi.org/10.1179/0082288413Z.00000000016

Leitão, H., & Alvarez, W. (2011). The Portuguese and Spanish voyages of discovery and the early history of geology. GSA Bulletin v. 123, n. 7-8, pp: 1219-1233. https://doi.org/10.1130/B30368.1

Major, R. H. (1859). Early Voyages to Terra Australis, Now Called Australia. London: The Hakluyt Society.

Matos, L. J. R. S. (2007). Roteiros Portugueses no Extremo Oriente: sua origem e evolução no século XVI. Dissertação de Mestrado em História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa. Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Martins, J. P. de O. (1902). Portugal nos Mares (2ª Ed.). Lisboa: Parceria António Maria Pereira.

Masefield, J. (Ed.) (1908, 1914). The Travels of Marco Polo the Venetian. London: J. M. Dent & Sons.

McIntyre, K. G. (1982).The Secret Discovery of Australia:Portuguese Ventures 250 years Before Captain Cook (2nd Ed.). Sydney: Pan Books (Australia) Pty Ltd.

Mourão, J. A., & Casquilho, J. P. (2012). O desenho e a interpretação dos si gnos: o Parque Biológico de Gaia. Revista de Comunicação e Linguagens (RCL), v. 43-44, pp. 375-383.

Nunn, G. E. (1931). The Turin Map of 1523. Geographical Review, v. 21, n. 4, pp. 684-686. https://doi.org/10.2307/209377

Oliveira, F. R. (2013). Terra australis recenter inventa: o ressurgimento da quarta parte do mundo na cartografia renascentista. In C. Simões, & F. C. Domingues (Coords.), Portugueses na Austrália - As Primeiras Viagens. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, pp: 21-58.

Olshin, B. B. (1996). A sixteenth century Portuguese report concerning an early Javanese world map. História, Ciência, Saúde - Manguinhos, vol. 2, n. 3, pp: 97-104. https://doi.org/10.1590/S0104-59701996000400005

Orta, G. de. (1536) 1895. Colóquios dos Simples e Drogas da Índia (dirigida e anotada pelo Conde de Ficalho), vol. II. Lisboa: Real Academia das Ciências de Lisboa.

Parmentier, J. e R. (1883). Le Discours de la Navigation. Paris: Ernest Leroux, Éditeur.

Pato, R. A. B. (1884). Cartas de Affonso de Albuquerque Tomo I. Lisboa: Typographia da Academia Real das Ciências de Lisboa.

Pereira, D. P. (c.1506, 1892). Esmeraldo de Situ Orbis. Lisboa: Imprensa Nacional.

Sá, A. B. de. (1954). Documentação para a História das Missões do Padroado Português do Oriente - Insulíndia 1º v. (1506-1549). Lisboa: Agência Geral do Ultramar.

Sá, A. B. de. (1988). Tratado de las Yslas de los Malucos y de los costumbres in Documentação para a História das Missões do Padroado Português do Oriente - Insulíndia 6º v. (1595-1599). Lisboa: Centro de Estudos de História e Cartografia Antiga - Instituto de Investigação Científica Tropical, pp: 5-160.

Saussure, F. (1916, 1999). Curso de Linguística Geral. Lisboa: Publicações D. Quixote.

Schöner, J. (1515). Luculentissima quaedam terrae totius descriptio: cum multis vtilissimis cosmographiae iniciis. Noribergæ: Impressum ī excusoria officina I. Stuchssen. https://www.loc.gov/item/50045647/

Schöner, J. (1533). Opusculum geographicum (...).Norimberga. http://reader.digitale-sammlungen.de/de/fs1/object/display/bsb10807355_00005.html

Schüller, R. R. (1915) A Nova Gazeta da Terra do Brasil (Newen Zeytung auss Presillg Landt) e a sua origem mais provável. Annaes da Bibliotheca Nacional do Rio de Janeiro, v. XXIII, pp: 115-144.

Schwartzberg, J. E. (1994). Southeast Asian Nautical Maps. In J. B. Harley, & D. Woodward (Eds.) The History of Cartography, Vol. 2, Book 2. Chicago: Chicago University Press, pp: 828-838.

Siebold, J. (2017). #328 Schöner Globes Date: 1515, 1520, 1523, 1533. www.myoldmaps.com [acedido em 8 de junho de 2017].

Silva, J. A. (2013). Viagens e mistérios nos mares da Indonésia e da Austrália, no século XVI. In C. Simões, & F. C. Domingues (Coords.) Portugueses na Austrália - As Primeiras Viagens. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, pp: 9-20.

Sousa, M. F. (1666). Asia Portugueza - Tomo I. Lisboa: Officina de Henrique Valente de Oliveira.

Stallard, A. J. (2016). Antipodes: In Search of the Southern Continent. Clayton: Monash University Publishing. https://doi.org/10.26530/OAPEN_628138

Thomaz, L. F. F. R. (1991). A Lenda de S. Tomé Apóstolo e a Expansão Portuguesa. Lusitania Sacra, 2ª série, v. 3, pp: 349-418.

Thomaz, L. F. F. R. (1995). The image of the Archipelago in Portuguese cartography of the 16th and early 17th centuries. Archipel, vol. 49, pp: 79-124. https://doi.org/10.3406/arch.1995.3038

Thomaz, L. F. F. R. (2009). D. Manuel, a Índia e o Brasil. Revista de História, vol. 161, pp: 13-57. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.v0i161p13-57

Thomaz, L. F. F. R. (2013). A expedição de Cristovão Mendonça e o descobrimento da Austrália. In C. Simões, & F. C. Domingues (Coords.), Portugueses na Austrália - As Primeiras Viagens. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, pp: 59-126.

Trickett, P. (2007). Beyond Capricorn: How Portuguese adventurers secretly discovered and mapped Australia and New Zealand 250 years before Captain Cook. Adelaide: East Street Publications.

Wade, G. (2007). The "Liu/Menzies" World Map: A Critique. e-Perimetron, v. 2, n. 5, pp: 273-280.

Wallis, H. (1985). Material on Nautical Cartography in the British Library, 1550- 1650, (Separata da) Revista da Universidade de Coimbra, vol.XXXII, pp:187-197.

Worth, H. (2013). The Torres Strait conundrum. In C. Simões, & F. C. Domingues (Coords.). Portugueses na Austrália- As Primeiras Viagens. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, pp: 127-128.

Downloads

Publicado

2017-11-17

Como Citar

Casquilho, J. P. (2017). A Insídia das Formas – Ensaio Semiótico Relativo a “Rio Timor” no Atlas Vallard e “Brasilia Inferior” no Globo de Schöner. Diálogos, 2, 169–213. https://doi.org/10.53930/27892182.dialogos.2.106

Edição

Secção

Artigos