Fala Português ou não? Indícios de uma Língua Portuguesa de Timor-Leste em Práticas Sociodiscursivas Locais
DOI:
https://doi.org/10.53930/348520Palavras-chave:
Língua portuguesa, Semântica da pergunta, Teoria sociodiscursiva, Variação linguísticaResumo
Apesar de as línguas portuguesas – assim como qualquer língua – terem certos registros alçados a variedades-padrão em cada país em que o português é língua oficial, as diferenças entre as suas variedades podem ser observadas não apenas nos aspectos formais dessas línguas (sintaxe e semântica, por exemplo) mas também nos modos de ser e de agir no mundo e de construir sentidos nessa língua (aspectos sociodiscursivos). Considerando a lógica semântica e pragmática de frases interrogativas polares e alternativas e seus padrões de respostas bem como a teoria sociodiscursiva da linguagem, o presente artigo tem por objetivo discutir algumas características do funcionamento sociopragmático de um português timorense, que o distinguem de outras variantes do português. Para isso, foram analisadas três vinhetas narrativas em dois níveis: semântico-pragmático e discursivo. Os aspectos linguísticos e discursivos analisados exemplificam práticas discursivas em que a cultura interacional em língua portuguesa propriamente timorense emerge, diferenciando essa das outras variantes do português.
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