Memória, Oralidade e Mudança Sociolinguística em uma Comunidade Multilíngue Brasileira
DOI:
https://doi.org/10.53930/348525Palavras-chave:
Memória, Oralidade, Identidade étnica, Línguas de imigração italianas, Ítalo-brasilianidadeResumo
O artigo examina trechos de entrevistas sociolinguísticas (Labov, 1972), com o objetivo de esclarecer princípios sócio-históricos e ideológicos que dirigem mudanças linguísticas e sociais em comunidades multilíngues. Narrativas, explicações e opiniões são consideradas construções sociodiscursivas da memória social (Votre, 2002), analisadas na perspectiva sociolinguística do posicionamento (sociolinguistics of stance em inglês, cf. Jaffe, 2009) como posturas dos interlocutores em relação um ao outro e aos fatos abordados. A comunidade em questão, São Braz, situada na zona rural do município de Caxias do Sul, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, foi fundada por imigrantes italianos no final do século XIX. Como outras comunidades de perfil similar, apresenta um quadro de declínio geracional no uso das línguas de imigração italianas (Bovo, 2004) em favor da língua majoritária, o português. A análise sociolinguística dos posicionamentos de informantes do Banco de Dados de Fala da Serra Gaúcha (Battisti e Lembi, 2004) sobre um evento coletivo – a demolição de uma igreja católica – autoriza a relacionar a mudança linguística e a destruição do patrimônio material ao pragmatismo do habitus campesino italiano (Zanini, 2006), na base da ítalo-brasilianidade local, negociada e atualizada ao longo da história dos imigrantes e seus descendentes no Brasil.
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